*Investigador
Em 24 de fevereiro de 1805 foi lavrada no cartório notarial da vila do Gavião uma escritura de obrigação dos moradores e pároco de Alvega tendo em vista mandarem fazer para a igreja da sua freguesia um “Sacrario aonde estivece depuzitado o Preciozo Corpo de Nosso Senhor Jezus Cristo Sacramentado obrigandosse a tudo aquillo que foçe precizo”.
Nessa data, encontraram-se os moradores e o pároco de Alvega junto ao lagar do capitão José Camelo Caldeira do lugar do Cadafás onde foi chamado o tabelião Manuel Machado Cordeiro que lavrou esta escritura. Foram muitos os moradores que ocorreram a este ato notarial, nomeadamente, Manuel Marques do Cortido, Manuel Alves da Galhoufa, Manuel de Matos da Concavada, João Lopes de Alpalhão, Manuel Gaspar de Santo António, Aires da Silva da Concavada, José Rodrigues da Lampreia, Florêncio de Oliveira da Galhoufa, Manuel João da Concavada, Manuel Rodrigues da Ria, Matias Fernandes da Casa Branca, Luís Marques da Rua, António Lopes da Lampreia, Manuel Pais e Manuel da Maia ambos da Casa Branca, todos da freguesia de Alvega do termo da vila de Abrantes.
Constatamos que os moradores se responsabilizaram por “tudo aquillo que foçe precizo para tributar as divinas Venerassõins e obrigaçõis a Divina Magestade como comprar opas, seras, palios, azeite para a lâmpada estar continuamente aseza para o que já tinha varios pés de oliveiras ofrecidos para a ditta Confraria digo ofrecidos por alguns devottos”. De igual forma, obrigaram-se a “tudo o mais que foçe nesseçario para a nova constituição, comcervação e aumento da Comfraria do Santicimo Sacramento podendosse obriguar huns aos outros por meio desta escretura”.
O pároco da freguesia de Alvega, padre António Craveiro afirmou, neste ato, perante o tabelião e “testemunhas que não sómente louvava e aprovava o zello dos dittos seus freguezes pella Nossa Sagrada Religião mas tambem que por si e em nome de sua Igreja e dos seus seçessores aceitava estas por comisous e que comfiava a ditas sorte no provar d’atividade Religioza e os dittos pormitentes seus freguezes”. Por último, reconhecemos que “declararão elles prometentes que as abonaras de que nesta escretura se faz menção foram todas cada huma por alguns dos irmãos por suas emtradas que poderão valler humas por outtras a quantia de quatro mil e outocentos reis por lhe caber a elles prometentes nas suas terças”.
APÊNDICE DOCUMENTAL
DOCUMENTO 1
1805, fevereiro, 24, Gavião – Escritura de obrigação dos moradores e pároco de Alvega tendo em vista mandarem fazer um para a igreja da sua freguesia um “Sacrario aonde estivece depuzitado o Preciozo Corpo de Nosso Senhor Jezus Cristo Sacramentado obrigandosse a tudo aquillo que foçe precizo”.
Arquivo Distrital de Portalegre, Cartório Notarial do Gavião, Livro de Notas [1804-1806], do tabelião Manuel Machado Cordeiro, Caixa n.º 3, fls. 22v-24.
Escritura de obrigação e prodençia que digo e promeça ou como em Direito milhor valer possa que fazem as pessoas abaxo declaradas e na forma aqui expreçada.
Em nome de Deos amem. Saibam quantos este publico instromento de escritura de obrigação ou promessa ou como em Direito mais vallor e dizer se possa virem que sendo no anno do Nacimento de Nosso Senhor Jezus Cristo de mil e outocentos e sinco annos sendo em os vinte e quatro dias do mes de fevereiro do ditto anno em o termo desta villa junto do laguar do Capitão Joze Camello Caldeira do luguar do Cadafas deste termo onde eu Tabalião fui ao diante nomeado e no fim desta notta asignado ahi apareçeram e foram prezentes Manoel Marques do Cortido, Manuel Alves da Galhoufa // [fl. 23] Da Galhoufa = Manoel de Mattos da Comcavada = Joam Lopes Alpalham = Manoel Gaspar de Santo António = Aires da Silva da Comcavada = Joze Rodrigues da Lampreia = Florencio de Oliveira da Galhoufa = Manoel João da Comcavada = Manoel Rodrigues da Ria = Mathias Fernandes da Caza Branca = Luis Marques da Rua = António Rodrigues da Lampreia = Manoel Pais da Caza Branca = Manoel Maia da Caza Branca todos da freguezia de Alvega do termo da villa de Abrantes = Como tambem o Paroco da mesma freguezia o Padre António Bravo pessoas todas bem conhesidas de mim Tabalião e das testemunhas que prezentes estavão tambem no fim desta nota nomiadas e asignadas de que dou fé serem os próprios e logo por elles foi ditto na minha prezença e das testemunhas que elles para maior comsullação, aumento e grandeza do culto devino na sua freguezia se propunham fazer hum Sacrario aonde estivece depuzitado o Preciozo Corpo de Nosso Senhor Jezus Cristo Sacramentado obrigandosse a tudo aquillo que foçe precizo para tributar as divinas Venerassõins e obrigaçõis a Divina Magestade como comprar opas, seras, palios, azeite para a lâmpada estar continuamente aseza para o que já tinha varios pés de oliveiras ofrecidos para a ditta Confraria digo ofrecidos por alguns devottos // [fl. 23v] Devottos e que se obrigavão no fim a tudo o mais que foçe nesseçario para a nova constituição, comcervação e aumento da Comfraria do Santicimo Sacramento podendosse obriguar huns aos outros por meio desta escretura cazo não esperado que para futuro algum foçe menos zelozo ou negligente podendo para o ditto fim for demandado perante qualquer Justiça Sicular ou Ecleziatica a que ouvido pello ditto pároco o Padre António Craveiro diçe na minha prezença e das testemunhas que não sómente louvava e aprovava o zello dos dittos seus freguezes pella Nossa Sagrada Religião mas tambem que por si e em nome de sua Igreja e dos seus seçessores aceitava estas por comisous e que comfiava a ditas sorte no provar d’atividade Religioza e os dittos pormitentes seus freguezes que iscrivia que curia [sic] com satisfação e alegria bem e de certtamente praticadas como Dias e Santas promeças e logo por elles foi ditto na minha prezença e das testemunhas que elles aseitavão a prezente escretura com todas as suas clazulas e comdessõis aqui expressas e declaradas como se de tudo dellas aqui fizerem expressa e declarada mensão asim o outrogaram e rogarão a mim Tabalião lhe fizece esta em meu Livro de Nottas a qual eu o fis e aseitei em nome dos prezentes e auzentes como pessoa publica que sou de Sua Magestade de licença que Deos guarde o estipulante e aseitante e o istipulei // [fl. 24] e o istipulei e aseitei tanto quanto devo e por o Direito como he prometido e depois de aqui ser lansada foy por mim lida as partes e por ellas aseite sendo a tudo testemunhas prezentes que tudo ouveram e prezenciarão aqui asignarão e declararão elles prometentes que as abonaras de que nesta escretura se faz menção foram todas cada huma por alguns dos irmãos por suas emtradas que poderão valler humas por outtras a quantia de quatro mil e outocentos reis por lhe caber a elles prometentes nas suas terças asim o outrogaram na minha prezença e das testemunhas declaro que asignatura desta apareção e foram prezentes Manoel Dias procurador = Manoel Rodrigues = João Alvres = Francisco de Mattos = João Alves Ferreira = António Lopes Rapozo = Jose Marques = Frenando da Roza = João Marques = Rodrigo da Roza = Jeronimo Rodrigues = Manoel Lopes Aleixo = Joze de Mattos Fonceca = João Marques = Joze de Mattos = Francisco Marques todos desta freguezia de Alvega e todos bem conhecidos de mim Tabalião e das testemunhas que prezentes estavão Joze Lopes e João Abreu ambos da mesma freguezia e eu Manoel Machado Cordeiro Tabalião que o escrevi e asignei.
(a) Manoel Machado Cordeiro
(a) Manoel Marques
(a) Joze Marques
(a) Joze de Matos
(a) Aires da Silva
(a) Manoel Dias
(a) Manoel João
(a) João Alves Ferreira
(a) Manoel + Alves
(a) Manoel + de Matos
(a) Manoel Dias
(a) Manoel Gaspar
(a) Florencio + de Oliveira
(a) Joze + Lopes
(a) Manoel Dias + Rudrigues
(a) Luis + Marques
(a) Manoel + Mora
(a) Manoel + Rudrigues
(a) Manoel + Rudrigues
(a) Francisco + de Matos
(a) António + Lopes
(a) Francisco + da Roza
(a) João + Marques
(a) Rodrigo + da Roza
(a) Jeronimo + Rodrigues
(a) Manoel Lopes + Aleixo
(a) Joze + de Mattos
(a) Joze + de Mattos
Francisco + Marques
Testemunhas
(a) João + Dias
(a) Joze Lopes
Como assistente o Cura (a) António Siqueira Craveiro