*Psicóloga
Todos nós construímos uma fantasia acerca de como gostaríamos que os nossos filhos fossem, pensassem e agissem e, de repente, chega a adolescência para mostrar que as coisas não são bem assim.
A palavra “adolescência” vem da palavra latina adolescere que significa crescer. É uma fase cheia de questionamentos e instabilidade, que se carateriza por uma intensa busca de si mesmo e da própria identidade, onde os padrões estabelecidos são questionados, bem como são criticadas todas as escolhas de vida feitas pelos pais, procurando assim a liberdade e a auto-afirmação.
Os pais precisam de inúmeras qualidades para saber lidar com os seus filhos no séc. XXI, quer sejam crianças ou adolescentes, e nem sempre é fácil conseguir conciliar as nossas expetativas com a realidade do pensamento, da atitude e do comportamento deles.
Todas as mudanças biológicas, hormonais e emocionais que acontecem neste período trazem também mudanças de comportamento em casa, na escola e na sociedade. Às vezes, acabamos por nem reconhecer os nossos filhos, outrora carinhosos e cheios de afeto e bom senso.
Só podemos falar de uma certa previsibilidade no comportamento dos nossos filhos até uma certa idade, porque na adolescência as surpresas estão garantidas e muitos pais pensam ter feito alguma coisa mal ao longo do seu crescimento. É perfeitamente comum os pais, nesta fase, acharem que não foram capazes de transmitir aos filhos o que consideravam mais correto ou aquilo que realmente queriam. Na maioria das vezes, culpam-se a si mesmos, culpam os colegas ou amigos dos filhos, como se fosse estritamente necessário encontrar “a” culpa.
A maneira como os pais se sentem quando surgem problemas é vital tanto para a resolução das várias situações como para a própria vivência e bem-estar da família.
Muitas vezes o recurso de procura de um psicólogo surge da necessidade crescente de vários pais para conhecer e aprender o funcionamento do processo de educação e da psicologia humana para evitar sentir uma certa impotência e evitar experimentar a desilusão e a sensação de que não há nada a fazer e que o problema em questão não tem solução.
Cada pessoa é única e para apoiar um filho é imprescindível conhecer e compreender os fatores que estimulam essa criança ou adolescente a atuar de determinada forma.
A primeira coisa que mais magoa os pais é quando se pensa ter dado tudo a um filho para um dia ser recompensado de uma maneira pouco consistente com aquilo em que se investiu. E, tantas e tantas vezes, vemos isso a acontecer dentro da própria família, nos vizinhos ou nas histórias que se ouvem sentados à mesa de um café.
Para os pais é difícil entender que um filho possa mostrar o pior de si, tanto no plano afetivo e sentimental, como no plano material e de sustento.
Sem sombra de dúvida, educar é uma tarefa desafiadora e de grande aprendizagem tanto para os pais como para os filhos. A ida a uma consulta de psicologia pode fornecer-lhe ferramentas úteis e eficazes para saber lidar com os seus filhos que passam por grandes conflitos interiores, alterações físicas, hormonais e comportamentais, numa fase de grandes descobertas e aprendizagem, mas também de instabilidade emocional, psicológica e de incertezas a todos os níveis.
Para um melhor relacionamento entre pais e filhos, deixo algumas posturas direcionadas aos pais que podem ajudar na relação entre ambos:
– Interesse-se pelo “mundo” do seu filho (linguagem, música, amigos, etc.).
– Não invada a privacidade do seu filho. Esta individualidade deve ser respeitada.
– Evite chantagem emocional. Se quiser que o seu filho se comporte com mais maturidade não o trate como uma criança e nem faça com que ele se sinta culpado.
– Esteja aberto e disponível para conversar sobre qualquer assunto, não minta sobre os seus sentimentos e opiniões.
– Não queira que ele seja igual a si.
– Demonstre confiança nele e nas suas escolhas. Isso ajuda a torna-lo mais responsável e melhora a autoconfiança e autonomia.
– Abra a sua casa para receber os amigos dos seus filhos e acompanhe as suas amizades sem querer estar no controlo e impor a sua presença.
– Negar ou permitir algo deve ter um motivo. Procure apresentar argumentos lógicos para ensiná-lo a pensar, refletir, ponderar, questionar e lidar com as frustrações.
– Evite frases como: “Enquanto dependeres de mim tudo será à minha maneira”. Esta atitude desgasta ambos emocionalmente e não resolve a situação.
Vera Silva Santos
Psicóloga
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