Do vale ao cume daquela serra,
Contornei a encosta escarpada,
Entre tais fraguedos e ribeiros,
Que me fizeram esquecer tudo
Que deixei p’ra trás, de injusto.
Quanto mais subia, mais sentia
Estar num mundo bem natural,
De vegetação e espécie animal,
Urze, rosmaninho e carqueja,
Colmeias de abelhas e cabras.
O silêncio da serra era cortado
P’lo zunir do vento frio e veloz,
E os ribeiros nervosos a saltitar,
Fraguedo em fraguedo, fortes,
Até chegarem ao vale, exaustos.
Entre os fraguedos e os ribeiros,
Meu tesouro maior, era desfrutar
A bela paisagem natural da serra,
Viver desejados momentos a vida,
Que na cidade, não era permitida.
Ruy Serrano, 07.09.2020