EDITORIAL
LÁGRIMAS CHORADAS
Recentemente ocorreu um atentado, em Paris e segundo se fez constar foi cometido por Islâmicos tendo como razão de ser a vingança por se ter profanado a imagem do Profeta Maomé.
França chorou os 12 mortos, os jornais mostraram a sua solidariedade, os Governos da União Europeia condenaram este acto terrorista, a opinião pública repudiou tal acto bárbaro.
Porém interrogamo-nos sobre o seguinte:
Quantas mortes de crianças, mulheres e homens já ocorreram com os bombardeamentos feitos pelos aviões franceses, ingleses e americanos, na Síria, no Iraque e na Líbia ?
Quantos milhares de mortos aí foram chorados ?
O volume líquido das lágrimas produzido em França é muito inferior ao chorado naqueles outros Países do Médio Oriente.
Só que, sobre os mortos chorados no Médio Oriente ninguém ergue a voz !
Durão Barroso deu azo a que se chorassem e chorem mortos no Iraque. Bush, Aznar e Blair deram e dão o seu contributo a que se chorem e continuem a chorar mortes na Síria, Líbia e Iraque.
Mas o mais grave é que, tais políticos não assumem aquilo a que deram o seu contributo para uma guerra, que relegou a vida humana, na defesa de interesses que o petróleo impõe.
Cuidado. A EU sabe que esta guerra está a começar. Porém, não sabe, nem quer saber, como vai acabar. Tal é trágico !
Isso deve merecer ponderação e meditação. Existem centenas de milhares de Islâmicos em França e na Inglaterra, que assistem e são informados dos bombardeamentos no Médio Oriente. Perante tal, devem ficar indiferentes ? Esta é a essência da questão e não outra.
Paz é o que se quer.
Ela não pode ser atingida com a prepotência com a morte de milhares no Médio Oriente, comparada com a morte de pouco mais de uma dezena em França.
A paz para ser alcançada, tem que passar pelo diálogo e não pela defesa e salvaguarda de interesses de companhias petrolíferas.
Se é invocado o nome de Deus para fomentar a guerra, então solicite-se a ajuda do Papa que se tem mostrado como alguém que é apologista da solidariedade e da tolerância religiosa.
Acabe-se isso sim com a confusão entre a religião e a salvaguarda de interesses financeiros com o petróleo.
Cuidado, França e Inglaterra podem ter dentro do seu espaço territorial uma guerra civil, com atentados terroristas.
Então os franceses e os ingleses ficam a saber e a conhecer, as lágrimas que fizeram chorar na Líbia, na Síria e no Iraque.
Por: Fernando Correia Bernardo