Recebemos via CTT, com pedido de publicação, o seguinte texto, manuscrito e não assinado, do nosso assinante Armando Henriques Abreu:
Eu, Armando Henriques Abreu – vosso assinante há vários anos, venho por este meio, informar de tamanha desgraça que se abateu no meu íntimo e pessoa, tudo derivado à minha persistência de homem trabalhador e sério. Hoje mantenho-me atrás de umas grades, algo impensável nas minhas expectativas de vida. Queria informar todos os meus conterrâneos e conhecidos do que me levou a praticar tal crime. Quem me conhece e sabe quem eu sou, jamais faria mal, fosse a quem fosse. Andei durante muitos anos a viver atraiçoado por uma mulher, cheia de artimanhas e vícios. Todo o meu dinheiro era para o seu próprio proveito, eu já não me conhecia não sabia o que era o carinho da mulher que supostamente dizia que me amava. Assim que o meu dinheiro acabou, passei a ser para ele uma pessoa invulgar. A partir daí começou a parte da traição. Só procurava homens que lhe pudessem pagar os vícios aos quais estava habituada, sei, e arrependo-me de ter feito o que fiz mas, são actos inevitáveis quando “apanhamos”, as pessoas que mais amamos e já havendo desconfianças, enganos a que se propunha em fazer.
Foi preciso ver para crer, daí as minhas sinceras e honradas desculpas às pessoas que me conheciam, porque quem vive no convento, é que sabe o que se lá passa dentro. Sei que já fui condenado mas ainda continuo a sê-lo, por pessoas, algumas pessoas, e espero que não venho a ter o meu desgosto que eu tive.
Honrados todos nós somos
Até que a hora da verdade não chega
Já fomos filisteus, celtas, romanos
Portugueses que nada não nega
Somos vivos honrados de justiça cega.