É com profunda estranheza e repugnância que a UGT tem vindo a acompanhar as notícias de vários órgãos de comunicação social, sobre a nomeação do procurador José Guerra para o cargo de procurador europeu.
Estranheza pelo facto de a alegada carta enviada às instâncias comunitárias, a defender a nomeação deste magistrado, pelo Governo português, inclua no seu currículo a sua participação no Processo UGT, vislumbrando-se que tal referência nem sequer corresponde à verdade histórica do processo.
Repugnância pelo facto de, pelo menos na RTP, o processo UGT ser referido pela jornalista responsável pela peça como “(…) o caso UGT, um dos maiores casos de fraude de fundos comunitários de que há memória”.
Que a UGT saiba, o processo judicial que envolveu a central, decorreu durante 15 anos, terminando com a absolvição, completa e por unanimidade, do tribunal que procedeu à leitura da sentença. Acresce ainda que o próprio Ministério Público decidiu não recorrer da sentença judicial.
Afinal o que quer a RTP?
Quer criar um novo incidente judicial?
Quer reabrir o processo?
A RTP é agora um tribunal?
Ou considera a RTP que em democracia tudo é permitido a quem informa?
No caso da RTP em particular, que recebe dinheiro dos contribuintes, deveria a notícia ser elaborada com critérios de verdade e isenção, o que não aconteceu, pelo que nos repugna este tipo de informação, sobretudo vinda do serviço público de televisão.
Ao Governo cabe nomear quem lhe aprouver, mas sobretudo não vislumbramos a necessidade, para efeitos curriculares, da referência ao que aconteceu num processo judicial, cujo epílogo terminou numa completa absolvição.
É caso para perguntar ao Governo, o que quer da UGT?
O Secretário-Geral da UGT
Carlos Silva